I Jornada Agroecológica da Bahia acontece em assentamento do Litoral Sul
O Assentamento Terra Vista, situado no município de Arataca, no Litoral Sul da Bahia, sedia a I Jornada de Agroecologia da Bahia, que tem a temática da “Agroecologia: uma proposta de soberania do território baiano”. O evento começou na segunda-feira (26/11) e termina no sábado (01/12). Ao todo há, aproximadamente, 300 participantes na jornada, que visa à união dos povos para a disseminação da produção agrícola livre do uso de agrotóxicos.
Apoiada pela superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Bahia, o evento está levando efervescência ao assentamento com três turnos diários de oficinas, discussões temáticas e cultura. De acordo com um dos organizadores da jornada, Joelson Ferreira de Oliveira, pela manhã estão ocorrendo às conferências e debates, durante a tarde acontecem as oficinas e pela noite, é a vez das feiras, trocas de sementes e apresentações culturais.
Oliveira ressalta que o objetivo maior do evento é criar uma grande rede de agroecologia entre os povos tradicionais na Bahia. “Queremos reunir assentados, agricultores familiares, quilombolas, indígenas e organizações não governamentais numa só rede de troca de saberes e de conhecimentos”, explica. Oliveira destaca que a educação e conscientização para a produção livre de agrotóxicos são pontos cruciais para o crescimento da adoção do modelo agroecológico.
Cabruca - Um dos grandes responsáveis pelo avanço da Agroecologia no Terra Vista é a organização não governamental, Instituto Cabruca, que tem prestado assistência técnica diferenciada através do Programa Ação Cacau para Sempre, do governo do estado. O presidente do Instituto, Durval Libanio, que participa da Jornada, ressalta que o assentamento Terra Vista é a referência da agroecologia na Bahia, atualmente. “Trata-se de um laboratório de pesquisa, educação e desenvolvimento para os outros povos”, avalia Libanio.
O presidente do Instituto Cabruca conta que o Terra Vista vem crescendo e que há dois meses, conquistou o selo do Instituto Biodinâmico (IBD) como produtor de orgânicos. “O selo começa a estimular a produção orgânica de mais cacau, banana, café e hortaliças, o que estimula as 55 famílias assentadas”, explica Libanio.
Modelo - No Terra Vista estão dois centros educacionais com capacidade para 854 estudantes. Trata-se do Centro Integrado Florestan Fernandes e do Centro Estadual de Educação Profissional do Campo Milton Santos. Neles funcionam a graduação em Agronomia, com ênfase em agroecologia, através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e turmas do ensino fundamental ao técnico profissionalizante.
Além de destacar a educação, o Terra Vista também é modelo em conservação ambiental. Dos 913 hectares da área de reforma agrária, 34% é de Reserva Legal, ou seja, 14% além do mínimo exigido pela legislação ambiental. É na reserva onde são identificadas as espécies e colhidas sementes para a produção de mudas. O Terra Vista tem capacidade de produzir até 150 mil mudas de espécies nativas de Mata Atlântica.
Além do apoio do Incra, a I Jornada de Agroecologia da Bahia foi idealizada e executada numa parceria entre o assentamento Terra Vista, Instituto Cabruca, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e o Centro Estadual de Educação Profissional do Campo Milton Santos.